Uma Menina Linda, com urgência
A versão Menina Linda para I
Should Have Know Better, dos Beatles, estreou no programa de Carlos Imperial.
Escalado por Imperial para tocar a música dos Beatles no dia seguinte, e sem
conseguir decorar a letra em inglês, Renato Barros não teve outra saída senão “traduzi-la”
para o português. Na estreia, a música fez tanto sucesso que Renato e Seus Blue
Caps tiveram que retornar no dia seguinte para tocá-la novamente. Com o
sucesso, o grupo decidiu incluir a canção em seu terceiro lp, mas
verdadeiramente o primeiro da carreira “jovem guarda” do grupo carioca.
Amada Amante censurada
“Que manteve acesa a chama/Que
não se apaga na cama/Depois que o amor se fez”, escreveu originalmente Erasmo
Carlos, na letra de Amada Amante, sucesso com Roberto Carlos nos anos setenta.
Acontece que a censura da época se obrigou invocou a mudar para … “Que manteve
acesa a chama/Da verdade de quem ama/Antes e depois do amor”. Com isso, o
Tremendão também foi alvo da ação repressiva que barbarizou com a cultura
nacional dos anos sessenta, setenta e oitenta, inclusive.
O mistério da banda Som Beat
Uma das bandas mais estranhas
em matérias de história é a paulistana Som Beat, espécie de Yardbirds das
domingueiras, nos anos sessenta. Gravaram um único compacto oficial, mas deixaram
uma demo contendo covers para Nobody But Me e Com’n Up, produzido pelo
radialista Carlos Alberto Lopes, o Sossego, e um misterioso álbum ao vivo no
Estúdio Scatena, em São Paulo. O single demo, em poder de Carlos Alberto Lopes
é do conhecimento de alguns poucos felizardos, entre eles a redação de Senhor
F, e o lp nunca ninguém viu, ouviu, ou soube de sua real existência.
Quarteto Novo x Os Mutantes
Antes dos Mutantes, Gilberto
Gil procurou o grupo Quarteto Novo para acompanhá-lo em Domingo No Parque, na
apresentação do Festival da Record. A proposta de Gil, influenciado por Sgt.
Pepper’s, em dar um tratamento pop à canção, recebeu a negativa do grupo
formado por Heraldo do Monte, Hermeto Paschoal, Airto Moreira e Théo de Barros.
Sem parceiros para a empreitada pouco convencional, Gil foi salvo pelo maestro
Rogério Duprat que disse a ele conhecer “uns garotos muito bons” – Os Mutantes,
que ao lado de Liminha, deram o que ele queira, e muito mais.
Duprat, maestro “cúmplice” do
rock
A clássica “Vigésimo
Andar/Twenty Fligth Rock” (de Eddie Cochran), gravada em abril de 1963 pelo
roqueiro paulista Albert Pavão trazia como arranjador um certo “Rudá”. O nome
inventado pretendia manter no anonimato o maestro Rogério Duprat, arranjador da
VS (Vilela Santos), que não queria ser “cúmplice” de um rock. A ideia não
colou, e Duprat acabou transformando-se no George Martin do rock brasileiro,
com presença ativa na cena roqueira daquela década e das décadas seguintes. Nos
60, participou dos mais importantes álbuns dos Mutantes; na década de 70
ressurgiu ao lado do Terço, no clássico “Criaturas da Noite” e, nos 80 junto
com o 14 Bis.
O primeiro rock nacional com
guitarra
O primeiro rock brasileiro que
utilizou a guitarra, uma Fender Stratocaster, foi gravado em 1957, pelo cantor
e compositor Betinho (batizado Alberto Borges de Barros, filho de Josué de
Barros, o descobridor de Carmem Miranda). A música é “Enrolando o Rock” (com
Betinho e Seu Conjunto), trilha sonora do filme “Absolutamente Certo” –
relançado recentemente na série de filmes brasileiros da revista Isto É – que
ganhou versão da banda Rockterapia, de Eddy Teddy e Nuno Mindelis, nos anos
noventa. Sem lançamento em cd, a gravação original está disponível no lp “O
Rock dos Anos 60″, produzido por Tonny Campello e Albert Pavão, no final dos
anos oitenta.
As bandas do produtor Liminha
Atualmente conhecido como
produtor de sucesso, responsável por grande parte das gravações das bandas e
intérpretes dos anos oitenta, Liminha tocou em vários grupos nos anos sessenta.
Inicialmente, ele fez parte dos grupos instrumentais The Thunders e Os
Lunáticos (antes The Mooners), que chegou a acompanhar Albert Pavão em
gravações; depois integrou Os Baobás, acompanhou Gilberto Gil e, por fim, ao
lado de Arnaldo, Rita, Serginho e Dinho, tornou-se o quinto Mutantes. É dele o
baixo na gravação de “Light My Fire”, com Os Baobás, lançado em compacto antes
do original do grupo Doors chegar ao Brasil.
Analfabitles, preferência
nacional
O irônico e criativo nome
Analfabitles batizou dezenas de grupos em vários estados do Brasil, durante os
anos sessenta. O mais famoso deles surgiu no Rio de Janeiro, chegando a gravar
um compacto, e ficando na história como uma das legendas do rock carioca. Já em
Minas Gerais, grupo com o mesmo nome também se destacou na cena de Jovem
Guarda, gravando pelo selo Paladium. Ainda, no Rio Grande do Sul, existiu outro
grupo com o mesmo nome, mas sem deixar nada gravado em disco. Na mesma linha,
grupos como Brazilian Bitles, Beat Boys e Beatniks exploraram a sonoridade
“beatle” em seus nomes, vinculando a banda aos fab four de Liverpool. Já em
Brasília, o grupo Golden Stones desistiu no nome inicial The Blitz, em 1967,
para fugir da pesada referência.
A origem do nome “Jovem
Guarda”
Inicialmente “Festa de
Arromba”, o mais importante programa musical dos anos 60, terminou por
chamar-se “Jovem Guarda”, por sugestão do publicitário Carlito Maia, da
MM& P. O novo nome foi tirado de uma frase do revolucionário soviético
Lenin: “O futuro pertence à Jovem Guarda porque a velha está ultrapassada”.
Apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, a ideia original era
ter ao lado de RC a “rainha do rock” Celly Campello, que não aceitou retornar à
vida artística. O programa entrou no ar em 1965, aos domingos à tarde,
substituindo a transmissão ao vivo dos jogos do Campeonato Paulista de Futebol.
“Creatures of Night”, O Terço
em inglês
Uma das maiores raridades do
rock brasileiro é a gravação em inglês do álbum “Criaturas da Noite”, do grupo
O Terço. Com vocais sob as mesmas bases do original em português, o lp foi
produzido para os mercados latino e europeu, tendo sido lançado em vários
países. No Brasil, apenas um compacto chegou a ser lançado em 1976, com as
músicas “Fields on Fire” (Queimada) e
“Creatures of Night” (Criaturas da Noite), atualmente uma das peças mais raras
da discografia roqueira nacional. O lp saiu em cd pelo selo italiano Vinyl
Magic no início dos anos noventa, com distribuição em várias lojas alternativas
brasileiras.
Richard Court, antes de
“Menina Veneno”
Atendendo insistente convite
de Rita Lee, o inglês Richard Court veio para o Brasil e, por pouco, não tocou
nos Mutantes, no início dos 70. Richard, que em sua terra Natal integrava o
grupo Everyone Involved, passou então a soprar sua flauta nos grupos
Scaladácida (Sérgio Kaffa, Fábio Gasparini e Azael Rodrigues), Soma (Henry e
Shields), que deixou apenas um registro sonoro – a faixa “P.F.” no disco
“Banquete dos Mendigos”, e, por fim, Vímana (Lulu Santos, Lobão e Fernando
Gama), com quem gravou um clássico e raro compacto em 1977, contendo as músicas
Zebra e Masquerade, deles. Nesse meio tempo, também tocou com o grupo A Barca
do Sol, liderada por Nando Carneiro e Jacques Morelembaum. Já nos anos oitenta,
veio o hit “Menina Veneno” e o sucesso de um dos melhores e mais criativos
intérpretes do pop brasileiro moderno.
Fonte: http://www.radiopositiva.net