O indício mais remoto de que
se tem notícia sobre uma lente oftálmica é datado da era pagã. Em 2283 a.C., a
fim de observar as estrelas, um imperador chinês usou lentes fabricadas em
cristal de rocha, quartzo ou ametista para observar as estrelas.
O objeto de cristal da rocha conhecido como
lente de Lanyard, datado de 721 a.C.,
Pode ter sido a primeira lente
criada pelo Homem.
Já antes do final do primeiro
século da era cristã, os fenícios, inspirados pelos chineses, iniciaram a arte
de fabricação do vidro, descobrindo que a mistura da areia ao salitre, fundida
pelo calor do sol, resultava em vidro bruto.
Mas foi na Roma dos Césares
que mudou o conceito sobre lentes. No século I depois de Cristo, o imperador
Nero descobriu as lentes coloridas contra a luz do sol ao usar uma lâmina de
vidro verde sobre os olhos, durante as famosas apresentações públicas nas
arenas romanas.
Embora Ptolomeu, no Egito,
descobrisse leis ópticas fundamentais da refração da luz por volta do ano 150
da era cristã, somente na Idade Média (aprox. 1000 após Cristo) os monges
começaram a desenvolver a chamada "pedra de leitura". Essa pedra
funcionava como uma lupa primitiva que aumentava o tamanho das letras, e era
composta basicamente de cristal de quartzo hialino ou de pedras semipreciosas
que tinham lapidação e polimento. Uma das pedras mais cobiçadas era o berilo
por seu brilho, beleza e grande transparência. Aliás, foi do seu nome que
derivou a palavra "brilho".
O primeiro par de óculos
propriamente dito foi descoberto na Alemanha, no século XIII
Tudo indica que uma armação
montada com um par de lentes para se colocar na frente dos olhos, com a
finalidade de leitura, surgiu em Veneza entre 1270 e 1280,
A mais antiga pintura de um
par de óculos, datada de 1352, mostra duas lentes redondas como se fossem dois
monóculos de metal presos no centro acima do nariz por um pino, ficando apoiado
no dorso nasal é um quadro de Tommoso da Morena, que está na Igreja de São
Nicolo, em Treviso, na Itália. Representa o rosto do cardeal Hugo de Treviso
usando um daqueles óculos primitivos.
Não eram óculos propriamente
ditos, como os conhecemos hoje em dia. Acreditava-se que tinham várias
propriedades medicinais além de prolongar a vida das pessoas. Tinham a força do
amuleto, mas ainda eram de uso visual limitado.
Naquela época, usar óculos
significava ter um grande saber, denotava cultura e erudição e era símbolo de
status e nobreza. Na Europa daqueles tempos, os pioneiros na fabricação de
lentes de cristal lapidado e vidros ópticos foram os vidreiros de Veneza,
ficando famosa a oficina de arte vidreira de Murano. Lá foram produzidas as
primeiras lentes lapidadas para a civilização ocidental enxergar melhor. Aos pouco
esse conhecimento foi se difundindo e se estabelecendo em outras cidades da Europa,
tais como Nuremberg e Augsburg na Alemanha, e Rouen e Flandres na França.
Entretanto, não se encontravam
óculos por toda parte. Eles eram raros, custavam caríssimo e eram considerados
verdadeiras joias. Seu valor era tal que eram relacionados em inventários de
bens de família e deixados em testamentos como herança, assim como fez Carlos
V, O Sábio, rei da França (1364-1380).
Existe um registro histórico
na China, durante a dinastia Ming (1260-1368), segundo o qual um rico senhor
trocou uma parelha de finos cavalos de raça por um par de óculos.
O monge e filósofo inglês
Roger Bacon foi pioneiro no desenho de lentes por volta de 1268. As lentes eram
fabricadas de cristal ou vidro, sendo positivas biconvexas. Em 1285, em
Florença, na Itália, Salvino del Armati anunciou-se como o inventor dos óculos.
É interessante citar que na
igreja Santa Maria Maggiore de Florença, no túmulo de Salvino d'Armato, morto
em 1317, está gravada na sua lápide a seguinte inscrição: "Aqui jaz
Salvino d'Armato, de Florença, Inventor dos óculos;
Entretanto, a verdadeira origem
dos óculos tem levantado muitas conjecturas e controvérsias e nem todas são
baseadas em evidências históricas precisas. De fato, não existiu um único
inventor dos óculos, mas inúmeras pessoas anônimas, tanto no Oriente quanto no
Ocidente, que foram contribuindo aos poucos, ao longo dos anos, para
aperfeiçoar o valioso instrumento visual para a humanidade.
O termo "dioptria"
foi proposto pelo francês Monoyer, que é agora adoptado universalmente e
baseado na distância focal de um metro.
A palavra óculos vem do latim
“ocularium”, que eram os orifícios abertos nos capacetes dos soldados da Antiguidade
para que pudessem enxergar.
EVOLUÇÃO DAS ARMAÇÕES
Os primeiros óculos não tinham
as hastes laterais e se apoiavam no nariz como os pince-nez, com uma ponte fixa
e flexível que se prendia no nariz. Ou os lorgnons, que tinham uma haste
lateral inferior para segurar com a mão.
Mesmo com uma velocidade baixa
– se comparada à rapidez com que as evoluções tecnológicas acontecem hoje – os
óculos evoluíram substancialmente desde sua criação na Idade Média. Uma das
maiores transformações está ligada ao design. “Após o primeiro modelo de ferro,
os franceses fizeram várias modificações na armação e a transformaram no
pince-nez (pinça de nariz), com lentes para perto e fixada na metade do septo
nasal; o lorgnon, cuja característica era uma haste lateral para ser segurada;
e a lorgnette, primeira peça criada exclusivamente para a mulher”.
A lorgnette
era uma peça delicada e tinha uma haste lateral de 20 a 50 centímetros. Os três
modelos são do século XV. Os três designs, além de utilitários, serviam também
como joias para seus usuários dada a riqueza de materiais – como ouro e outros
metais nobres – e pedras preciosas incrustadas nas armações. As hastes laterais
para as orelhas só apareceram nos óculos por volta de 1600, Inglaterra.
No princípio a fixação era
feita por cordéis ou fitas de couro amarradas atrás da cabeça ou passando por
trás das orelhas pendendo sobre o peito com um contrapeso. Depois dos
amarrilhos surgiram as hastes laterais com molas espirais pressionando as
têmporas para segurar os óculos na posição. Em 1730 foram inventadas as hastes
laterais rígidas para se apoiar nas orelhas e posteriormente apareceram as
hastes laterais com angulação para melhor apoio e fixação no dorso do pavilhão
auditivo. Mais tarde, em 1752, foram inventadas em Londres as hastes laterais
dobráveis, facilitando bastante o manejo pelos usuários.
As armações de couro foram
sendo substituídas aos poucos por outros materiais: madeira, chifre, casca de
tartaruga, osso, marfim e metais, tais como ferro, prata, ouro e outras ligas.
Novos materiais foram desenvolvidos, modificados e introduzidos no mercado até
chegar aos modernos e sofisticados compostos plásticos, resinas, náilon e policarbonatos,
sempre em busca de um melhor design, de mais conforto, durabilidade, leveza e
resistência.
A EVOLUÇÃO DAS LENTES
No início eles começaram a ser
usados somente para a visão de perto, para leitura, para corrigir a presbiopia
ou "vista cansada". Aos poucos passaram a ser usados também para a
correção da hipermetropia. E somente no século XVI começaram a ser vendidas as lentes
para correção de miopia.
Em 1611, Kepler introduziu o
uso de prismas.
Em 1716, o matemático alemão,
G. Hertel, indicou o uso de lentes “menisco”, ou seja, um lado côncavo e outro
convexo. O mesmo fez o professor técnico A.G. Luteman três anos depois. Em
1767, tem-se notícias da fabricação das primeiras lentes de cor cinza.
Em 1784, Benjamin Franklin, o
famoso estadista americano, que também era inventor, cientista e filósofo,
inventou os bifocais.
No século XIX, um grande
avanço foi conseguido na fabricação de lentes corretoras dos erros de refracção
quando, em 1801, o cientista inglês Thomas Young descobriu o astigmatismo. O
astrónomo inglês George Airy foi o primeiro indivíduo a receber os benefícios
da correção dessa deficiência. Com a ajuda do óptico Fuller, em 1827, Airy
corrigiu o seu próprio astigmatismo.
Em 1875, ocorreu um novo
avanço da ciência. Nagel criou a escala de medidas refrativas (dioptrias),
adotadas internacionalmente. Já em 1866, ele recomendava o sistema métrico,
ligado a dioptria, para designação do poder das lentes, em lugar do sistema inglês
de polegadas, em uso até então. O termo "dioptria" foi proposto pelo
francês Monoyer, que é agora adotado universalmente e baseado na distância
focal de um metro.
Por volta de 1920 as lentes
passaram a ser feitas em cristal crown.
Em 1939 foi lançado as lentes
com tratamento antirreflexo.
A introdução dos multifocais foi em 1959, e
foram desenvolvidas por Bernard Maitenaz.
As primeiras ideias relativas
às lentes de contato está registrada nos escritos de Leonardo da Vinci
(1452-1519).
Apesar de outros antigos estudos teóricos realizados por René
Descartes em 1637 e Thomas Young em 1827, a lente de contato só saiu do
anonimato das pesquisas e se popularizou após 1950
Em 1966 foi inventado a lente foto
cromática.
Na década de 70 chega ao mercado
as lentes feitas em resina CR39.
CHEGADA AO BRASIL
Os óculos chegaram ao Brasil
na primeira metade do século XVI, com o processo de colonização portuguesa,
afirma o historiador José Moraes dos Santos Neto. “Os óculos vinham junto com
religiosos, principalmente jesuítas, funcionários da Coroa portuguesa, colonos
abastados e homens de letras”, conta Neto.
A confecção dos óculos em solo
nacional aconteceu por volta do século XIX. O técnico Joseph Herschel, judeu
alemão que trabalhava na França, começou a receber encomendas de óculos do
Brasil pelas mãos do negociante austríaco Jacob Geiger. Geiger recebia os
óculos de Herschel e depois os vendia no Recife, Salvador, Rio de Janeiro, sul
de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Um dos clientes ilustres do técnico
foi ninguém menos que o herdeiro da coroa portuguesa, D. Pedro II, que usou
óculos desde a infância.
Em agosto de 1835, Herschel desembarcou no Brasil para
fazer o que vinha fazendo na Europa. Aqui ele permaneceu durante 15 anos. Após
esse período, o técnico retornou à França e enviou um sobrinho para continuar
seu trabalho.