Compositor, Cantor,
Violonista.
Nasceu no bairro de Vila
Isabel, no Rio de Janeiro, tornando-se anos mais tarde conhecido como o
"Poeta da Vila". Morou durante seus vinte e seis anos e meio de vida
na mesma casa na rua Teodoro da Silva, que tempos depois seria demolida para a
construção de um prédio residencial que leva seu nome.
Filho de Manuel Medeiros
Rosa, que era gerente de camisaria, e da professora Marta de Azevedo, teve em
seu nascimento fratura e afundamento do maxilar provocados pelo fórceps, além
de uma pequena paralisia na face direita, que o deixou desfigurado para o resto
da vida, apesar das cirurgias sofridas aos seis e doze anos de idade.
Quando seu pai foi trabalhar
como agrimensor numa fazenda de café, sua mãe abriu uma escola dentro de casa,
passando a sustentar os dois filhos, Noel e Hélio, o mais novo, nascido em
1914.
Já alfabetizado pela mãe, foi
matriculado no Colégio Maisonnete quando tinha treze anos, depois foi para o
São Bento, onde ficou até 1928, recebendo dos colegas o apelido de Queixinho.
Teve paixões por mulheres que se tornaram musas de alguns de seus sambas, como
no caso de Ceci, dançarina de um cabaré da Lapa. Para ela, compôs "Dama do
Cabaré" e "Último desejo".
Casou-se com Lindaura, em
dezembro de 1934. Na verdade, o casamento ocorreu por pressão da mãe da moça,
pois Lindaura tinha apenas 13 anos, dez a menos do que ele.
Grávida, ela perderia o filho
meses após o casamento. A união com Lindaura não modificou seus hábitos
boêmios, que acabariam por comprometer irremediavelmente a sua saúde.
No início
de 1935, já com os dois pulmões lesionados, viajou com a mulher para se tratar
em Belo Horizonte, onde se hospedou na casa de uma tia. Porém, o tratamento
durou poucos dias, pois o compositor logo começou a frequentar os bares e o
meio artístico da cidade, apresentando-se até na Rádio Mineira.
Ainda em Minas, em maio desse
mesmo ano, recebeu a notícia do suicídio do pai, que se enforcou na casa de
saúde onde estava internado para tratamento dos nervos. Apresentando algumas
melhoras, em setembro retornou ao Rio de Janeiro.
Contudo, em fevereiro de 1936,
viajou para Nova Friburgo (RJ) por ordens médicas. Mesmo assim se apresentou no
cinema local e frequentava os bares da cidade. Retornou ao Rio bastante
adoentado. Por sugestão de amigos e familiares, foi para Barra do Piraí, em
abril do mesmo ano, em busca de repouso para tentar curar a tuberculose.
Após uma semana, visitou, no
dia 1 de maio, a represa de Ribeirão das Lajes e começou a sentir arrepios e a
passar mal. Retornou à pensão com febre. Durante a noite sofreu uma grave crise
de hemoptise e o médico que o atendeu advertiu que não havia recursos para
tratar dele naquela cidade.
Na manhã de 2 de maio, voltou
ao Rio com Lindaura, às pressas, num táxi, em estado muito grave, do qual não
conseguiria se recuperar. Durante dois dias recebeu visitas de muitos amigos,
entre os quais Marília Baptista e Orestes Barbosa,que procuraram animá-lo.
Morreu na noite do dia 04 de
maio, enquanto em frente à sua casa comemoravam o aniversário de uma vizinha
numa festa em que tocavam suas músicas. Diversas versões sobre sua morte foram
publicadas em diferentes jornais e biografias, onde se fez referência até a um
ataque cardíaco. Ao seu enterro compareceram muitas personalidades da música e
do rádio.
À beira de seu túmulo, Ary
Barroso fez um discurso emocionado, homenageando o amigo e parceiro. Depois de
alguns anos de sua morte, seu nome ficou esquecido durante a década de 1940,
até que Aracy de Almeida, em 1950, passou a cantar na famosa boate Vogue,
incorporando sambas inéditos dele ao seu repertório.
Desde aí, o compositor foi
redescoberto e passou a ser homenageado pelo público e por autoridades, como no
caso do busto inaugurado na Praça Tobias Barreto e que hoje se encontra na
Praça Barão de Drumond, Vila Isabel, e pela comunidade de Vila Isabel, que
inaugurou um monumento no Cemitério São Francisco Xavier, onde o compositor foi
sepultado, em comemoração ao cinquentenário do nascimento do sambista.
Em 1967, o Museu da Imagem e
do Som do Rio de Janeiro - que acabara de lançar o elepê "Noel Rosa por
Noel Rosa", com o compositor cantando suas próprias músicas - fez também
uma grande homenagem ao Poeta da Vila em seus 30 anos de morte, inaugurando
exposição comemorativa e juntando os amigos remanescentes em gravação histórica
conduzida por R. C. Albin em 4 de maio daquele ano. Em 1987, várias solenidades
e eventos lembraram o cinquentenário de seu falecimento.
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