Escrita em plena Segunda
Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias
editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a
ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do
Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
De fato, são claras as
referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria
Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial,
deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União
Soviética.
Com o acirramento da Guerra
Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação
levaram A revolução dos bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas
seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do
socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se
incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto.
Depois das profundas
transformações políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas
décadas, a pequena obra-prima de Orwell pode ser vista sem o viés ideológico
reducionista. Mais de sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o
brilho de uma alegoria perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão
dos grandes projetos de revolução política.
É irônico que o escritor, para
fazer esse retrato cruel da humanidade, tenha recorrido aos animais como
personagens. De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é
a mesma que animaliza os homens.
Escrito com perfeito domínio
da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de
personagens e situações, A revolução dos bichos combina de maneira feliz duas
ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da
sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo.
"A melhor sátira já
escrita sobre a face negra da história moderna."
Malcolm Bradbury
"Um livro para todos os
tipos de leitor, seu brilho ainda intacto depois de sessenta anos."
Fonte TEXTO: http://www.companhiadasletras.com.br