Glauber de Andrade Rocha foi
um dos integrantes mais importantes do cinema novo, movimento iniciado no
começo dos anos 1960. Com o princípio de "uma câmera na mão e uma ideia na
cabeça", deu uma identidade nova ao cinema brasileiro.
Glauber foi o primeiro filho
de Adamastor e Lúcia Rocha e teve duas irmãs: Ana Marcelina e Anecy. Cursou o
primário em Vitória da Conquista e, em 1947, mudou-se com a família para
Salvador. Em 1952 Ana Marcelina morreu de leucemia, mas Glauber logo ganhou outra
irmã, Ana Lúcia, filha de seu pai com uma cigana que faleceu durante o parto.
Em 1957, Glauber entrou para a
Faculdade de Direito da Universidade da Bahia, que cursou até terceiro ano. Com
poucos recursos, filmou "Pátio", utilizando sobras de material de
"Redenção", de Roberto Pires. Em 1958, trabalhou como repórter no
Jornal da Bahia, assumindo depois a direção do Suplemento Literário.
No ano seguinte, casou-se com
a colega de universidade e atriz de "Pátio", Helena Ignez. Logo após
o casamento, iniciou as filmagens de seu segundo curta-metragem, o inacabado
"Cruz na Praça", baseado num conto de sua autoria. Também publicou
artigos sobre cinema no "Jornal do Brasil" e no "Diário de
Notícias". Em 1960, nasceu sua primeira filha, Paloma. Apesar disso,
separou-se de Helena um ano depois.
Trabalhou na produção de
"A Grande Feira", de Roberto Pires e de "Barravento", de
Luiz Paulino dos Santos, filme que acabou dirigindo depois de refazer o
roteiro. Finalizou "Barravento", no Rio de Janeiro, com Nelson Pereira
dos Santos. O filme foi premiado na Europa e exibido no Festival de Cinema de
Nova York. Em 1963, filmou "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que
concorreu à Palma de Ouro no Festival do Filme em Cannes do ano seguinte,
perdendo para uma comédia musical francesa.
Em 1965, Glauber Rocha
participou da criação da Mapa Filmes, junto com Walter Lima Jr. e outros. Em
novembro, foi preso com outros intelectuais, durante um protesto contra o
regime militar em frente ao Hotel Glória, no Rio de Janeiro. Em 1966 coproduziu
"A Grande Cidade", de Carlos Diegues e preparou "Terra em
Transe", que chegou a ser proibido, mas foi liberado sob algumas
condições. Exibido no Festival de Cannes, o filme ganhou os prêmios Luis Buñuel
e o da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica. Recebeu ainda
prêmios e elogios na Suíça, em Cuba e no Brasil.
No mesmo ano, Glauber Rocha
trabalhou no argumento de "Garota de Ipanema, de Leon Hirszman. Recebeu o
convite de Jean-Luc Godard para participar de "Vent d'Est", onde
Glauber viveu seu próprio personagem: um cineasta que aponta o caminho para o
cinema político-revolucionário. Iniciou o filme "Câncer", rodado
durante quatro dias no Rio de Janeiro. Coproduziu "Brasil Ano 2000",
de Walter Lima Jr. estrelado por sua irmã Anecy, mulher do diretor.
Em 1969 "O Dragão da
Maldade Contra o Santo Guerreiro" foi exibido no Festival de Cannes e
Glauber ganhou o prêmio de melhor diretor, dividido com o tcheco Vobtech Jasny.
Além deste, o filme ganhou muitos outros prêmios importantes. Ainda na Europa,
o cineasta recebeu dois convites para filmar. Um do produtor espanhol Pedro
Fages e outro de Claude Antoine. Em 1970, Glauber Rocha rodou, na região da
Catalunha, o filme "Cabeças Cortadas".
Voltou ao Brasil, mas o
crescimento da repressão o desestimulou. Em 1971Glauber partiu para o exílio.
Na Universidade Columbia, em Nova York, apresentou a tese "Eztetyka do
Sonho". No Chile filmou um documentário sobre os brasileiros exilados, que
não foi concluído. Em 24 de novembro, nasceu Daniel, seu filho com Martha
Jardim Gomes. No final do ano, viajou para Cuba, onde permaneceu um ano,
trabalhando no projeto de "América Nuestra". Da colaboração com
Marcos Medeiros surgiu o filme "História do Brasil", que foi
concluído em Roma.
Em viagem pelo Uruguai,
Glauber encontrou-se com o ex-presidente João Goulart. Na noite de 25 para 26
de junho, os negativos de "O Dragão da Maldade" e "Terra em
Transe" foram queimados em um incêndio nos laboratórios G.T.C. na França.
Em 1976, Glauber retornou ao Brasil, depois de cinco anos de exílio. No ano
seguinte, o curta-metragem "Di Cavalcanti" ganhou prêmio especial do
júri do Festival de Cannes.
Em 27 de março, morreu sua
irmã Anecy Rocha, ao cair no poço de um elevador. No dia 4 de agosto, nasceu
Pedro Paulo, filho de Glauber e de Maria Aparecida de Araújo Braga. Em
dezembro, Glauber Rocha iniciou as filmagens de "A Idade da Terra".
Em 19 de janeiro de 1978, nasceu Erik, seu filho com Paula Gaetan. Glauber
morreu de problemas bronco pulmonares, aos 42 anos.
Fonte Texto:http://educacao.uol.com.br
Montagem / Edição: JF
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