A longevidade do propulsor (e
suas peças) depende de providências simples e fáceis de adotar. Motores podem viver com saúde
mesmo após os seis dígitos no hodômetro - até o de um Gol MI 1.0. Para evitar a aposentadoria
antecipada do motor de seu carro, basta seguir uma rotina simples de manutenção
e adotar alguns comportamentos que vão lhe poupar muito dinheiro a médio e
longo prazo.
Na maioria das vezes, carros
dão sinais claros de que algo não vai bem – e a saúde deles depende de sua
atenção. Não há mágica: motores vivem mais se o dono for cuidadoso.
Veja aqui o
que você pode fazer por ele.
Acúmulo de sujidades entre os
anéis dos pistões do Chevrolet Zafira 2.0 8V, após 60.000 km, no Longa Duração
(Quatro Rodas)
Pegue leve nos primeiros
quilômetros
Em carros recém-saídos da
concessionária, mantenha a rotação baixa nos primeiros 1.000 quilômetros.
Antecipe trocas de marcha (não passe de 3.500 rpm), varie a velocidade e faça
acelerações progressivas.
Essa história de amaciar o
motor à força não funciona – apesar de haver uma comunidade de pessoas que
acreditem no método Chuck Norris de amaciamento.
Dê preferência para a versão
QUATRO RODAS: no período entre os 1.000 e 1.500 km, dirija com o máximo de suavidade
e mantenha-se fora de rodovias. Só depois encare a estrada, até por segurança.
Os freios também precisam de
cuidados iniciais para que haja assentamento entre as pastilhas e discos. Para
o motor e freios, os primeiros quilômetros são fundamentais para uma vida longa
e feliz.
Motor Active Hybrid, da BMW
(Divulgação/Quatro Rodas)
Não aqueça o motor antes de
começar a rodar
Ao sair pela manhã ou quando o
carro estiver frio, não precisa gastar alguns minutos em marcha lenta. Prefira
essa rotina: entre no carro e ligue o motor, coloque o cinto e verifique os
ajustes do assento e espelhos. Pronto – esses 30 segundos bastam e seu carro
está pronto para começar a rodar. Mas ainda estará frio. Rode com suavidade até
que o motor atinja a temperatura ideal de funcionamento.
Evite acelerações bruscas
Acelerar no trânsito como se
você estivesse numa prova de ¼ de milha toda vez que o semáforo abre não vai
lhe ajudar a chegar mais rápido no destino. Mas é o caminho mais breve para
antecipar uma parada na oficina. Ser brusco no acelerador é um dos hábitos mais
danosos para a saúde do automóvel.
No trânsito, o motor tende a
trabalhar muito quente e esse tipo de condução aumenta ainda mais a temperatura
do conjunto. Sobrecarrega o sistema de arrefecimento, juntas e correias, por
exemplo.
Detalhe da correia dentada do
comando de válvulas do motor (Quatro Rodas)
Filtros (de ar e óleo) são
baratos. Retífica é cara
Economizar nesses dois filtros
é a pior decisão que você pode tomar. Troque o filtro de óleo toda vez que
esgotar o fluido – nada de alternar troca sim, troca não. É uma peça barata
demais, considerando sua importância no bom funcionamento do propulsor.
O mesmo vale para o filtro de
ar: substitua sem dó. Nada de “bater um ar”, aspirar, lavar. No jargão
financeiro, é o que se chama de “economia porca”.
Escolha o óleo como se fosse
vinho
Vinho ruim dá dor de cabeça.
Óleo de origem duvidosa também. Se o fabricante recomenda óleo sintético
(geralmente mais caro), use o sintético. Não misture com óleo mineral. Prefira
gerações mais novas do fluido, com poder de detergência de classe SL, no
mínimo.
Poupe seu dinheiro: óleos
modernos, de qualidade, não precisam de aditivos. Siga o manual e antecipe
trocas do fluido se você rodar por muito tempo em regimes severos (como
trânsito ou áreas poluídas/empoeiradas).
Por meio de scanner é possível
fazer diagnóstico de falhas (Quatro Rodas)
Livre-se do peso excessivo
Ao encarar a pé uma subida de
montanha, quanto mais leve você estiver, melhor. Adote o mesmo procedimento
para seu automóvel. Tire do porta-malas tudo o que não tem serventia, assim
como no porta-luvas e outros bolsos no interior. Seu bagageiro de teto está
vazio? Deixe na garagem.
Peso adicional exige mais
força do motor. Máquinas são o oposto de nossos corpos: quanto mais esforço
fazem, menor a vida útil. Ao instalar um engate, certifique-se de que o carro
está homologado para carregar uma carreta e, claro, verifique o peso
admissível.
Use a transmissão com
sabedoria
A maneira como você usa o
câmbio tem influência direta no rendimento do motor. Rotações elevadas aumentam
o consumo e ruído. Fazer as trocas na faixa vermelha – o limite de giro -, o
tempo todo, irá abreviar a vida dos componentes. Marchas altas em velocidade
baixa também não fazem bem às válvulas.
Sempre use a marcha ideal para
a velocidade em que está e considere também a inclinação da pista. A rigor,
desça engrenado na mesma marcha que usaria para subir a via.
Por fim, transmissão não é
freio. Você pode contar com o efeito do freio-motor em declives – e deve fazer
isso – mas não reduza a velocidade do carro usando as marchas.
Cabeçote, do Prisma Maxx 1.4,
da Chevrolet, após desmonte do teste de Longa Duração (Quatro Rodas)
Leia o manual e faça
manutenção preventiva
Aquele livrinho que acompanha
o veículo, esquecido no fundo do porta-luvas, é seu aliado. Precisa ser lido.
Ele descreve os intervalos de manutenção e itens a serem checados conforme a
quilometragem do carro.
Peças de desgaste natural
precisam ser trocadas: velas e cabos, bateria, correias, rolamentos, fluidos –
mantenha tudo isso em dia e seu motor poderá trabalhar tranquilamente mesmo
quando o hodômetro tiver seis dígitos altos.
Velas retiradas Renault
Duster de nosso Longa Duração, após 60.000 km (Quatro Rodas/)
Leve seu carro para viajar
Trechos curtos são os mais
difíceis para veículos. O anda-e-para urbano, trânsito e aquela saidinha de
domingo cedo até a padaria da esquina fazem um estrago no motor – como o
colesterol é péssimo para o coração.
Exercícios fazem bem: vá para
a estrada com o possante. Ande em velocidade constante, varie acelerações e
rode com o giro elevado (dentro dos limites do propulsor). Isso ajuda a livrar
a câmara interna e o sistema de exaustão de fuligem e outros contaminantes que
se acumulam no uso rotineiro de ciclo severo.
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