A famosa festa, realizada bem
antes do nascimento da Igreja Católica, passou por várias transformações e se
adaptou à cultura brasileira.
Nem só de ziriguidum e
telecoteco foi feito o Carnaval durante os séculos de história. A festa mais
popular no Brasil, na verdade, teve início há milhares de anos na Antiguidade.
Mas se não tinha samba e nem mulatas na avenida, a folia sempre estava presente
entre hebreus, romanos e gregos.
Eram grandes festejos pagãos,
cheios de comida e bebida, para comemorar colheitas e louvar divindades e
ocorriam entre novembro e dezembro.
O Carnaval foi comemorado por aqui desde a chegada dos portugueses. No século XVII, por influência dos nossos conterrâneos, as celebrações resumiam-se ao entrudo. Nesta época, era uma bagunça, feita principalmente por escravos, com direito a guerras de água, farinha e limões de cheiro. A festa só evoluiu no país no século 19, quando as classes mais ricas daqui, atiçadas pelos europeus, entraram na brincadeira do Carnaval dentro de salões.
Mas nada de samba surgir
ainda. "Nesta época, cantava-se de tudo no Carnaval. Até Ópera",
afirma o historiador André Diniz, autor do livro Almanaque do Carnaval. "A
primeira marchinha foi feita em 1899, por Chiquinha
Gonzaga, para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro: Ó abre alas. Depois da
gravação do samba Pelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida, em 1917, este
gênero começa a ganhar espaço no carnaval carioca."
Ismael
Silva foi Fundador da Primeira Escola de Samba do Rio de
Janeiro, a “Deixa Falar”, em Estácio de Sá.
Popularização do samba e das marchinhas, através de compositores como Braguinha, Haroldo Lobo e Lamartine Babo, tornaram a festa num sucesso entre a população na década de 1920. É aí que entra um famoso personagem de nossa história: Getúlio Vargas – esse você já conhece de outros Carnavais. O então presidente percebe o apelo do ritmo e decide aproximá-lo ainda mais da população para torná-lo identidade nacional.
"O estado passou a
organizar o Carnaval, dando licença para os desfiles e investindo nas escolas
de samba. Getúlio pegou a onda da consolidação do samba, aproximando sua
política de construção do Estado Nacional das manifestações populares",
explica Diniz. Daí para o samba e o Carnaval crescerem, ganharem um sambódromo
e se tornarem identidades nacionais foi um pulo (de folia).