Em conversa recente com
profissionais e alunos de MBAs, sobre conceitos e ferramentas e modelos de
Inteligência Competitiva, uma das principais dúvidas dos presentes foi como
relacionar Inteligência com um fato inovador, ou seja, com uma tendência de
mercado.
Por se tratar de tendência ou
um novo padrão comportamental, os dados ainda são fáceis de serem encontrados,
os números, ou seja, os estudos quantitativos ainda não se fazem presentes em
abundância, restando assim muita opinião, ou “palpites” sobre determinado
assunto.
Mas como agir e principalmente
analisar as oportunidades e ameaças, para responder à estratégia e a política
de preço de um concorrente?
Neste panorama, como age um
profissional de Inteligência?
Em Micro tendências
(BestSeller,2008), Mark Penn apresenta seu estudo partindo da ideia que as mais
poderosas forças da sociedade são as tendências emergentes e contra intuitivas
que estão transformando o futuro bem diante de nossos olhos.
Para Penn, micro tendência, é
um padrão comportamental de um grupo de forte identidade, que está crescendo e
tem desejos e anseios não atendidos pelas instituições que influenciam a vida
cotidiana.
Em um mundo onde o poder de
escolha nunca foi tão grande e as pessoas estão mais conscientes das opções que
fazem, o autor explica como 75 pequenas mudanças de comportamento vem
determinando as transformações culturais da atualidade e influenciando o mundo
dos negócios, a política e nosso dia-a-dia.
Para Penn, é preciso analisar
e interpretar todas essas novas informações para a plena compreensão do que
mudou na cultura convencional. E quem pode fazer esta análise e interpretação
de todas essas novas informações? Sim, o profissional de Inteligência
Competitiva.
Um exemplo de comportamento na
categoria “Amor, sexo e relacionamentos” é o padrão “Solteiras demais”. Penn
afirma “...no mundo atual, um número cada vez maior de mulheres se encontra
fora da instituição do casamento.
Algumas optam deliberadamente
por não se casar, enquanto outras preenchem cadastros em sites de
relacionamentos, só para ver seus esforços frustrados. Muitas se culpam
imaginando o que deu errado.
A verdade é que todos os
problemas das mulheres solteiras poderiam ser resolvidos caso houvesse mais
homens heterossexuais disponíveis. Atualmente, há homens heterossexuais de
menos para todas as mulheres disponíveis, por isso elas, de repente, se viram
em meio a dança das cadeiras – em que pelo menos 3% delas ficarão a espera...”
Diante de deste padrão
comportamental, o profissional de Inteligência, poderá entre outras análises,
mensurar a vantagem competitiva de uma empresa (Clínica Estética para homens),
ou como competir com sucesso ao entrar em novos mercados (um hotel para
homossexuais), ou como desenvolver uma vantagem competitiva sustentável a longo
prazo para uma operadora de celular.
Como já escreveu Stephen
H.Miller (Inteligência Competitiva na Prática), cada vez mais, os estrategistas
da gestão estão se apoiando em uma prática, não raro mal-entendida, denominada
Inteligência Competitiva (IC).
Profissionais de IC coletam,
analisam e aplicam, legal e eticamente, informações relativas as capacidades,
vulnerabilidades e intenções de seus concorrentes e monitoram acontecimentos do
ambiente competitivo geral (como concorrentes antes desconhecidos que surgem no
horizonte ou novas tecnologias que podem alterar tudo).
O objetivo? Informações que
possam ser utilizadas para colocar a empresa na fronteira competitiva dos
avanços.
Em resumo, este é o trabalho
de um profissional de Inteligência.
Fonte: Alfredo Passos é
professor de MBA na ESPM – Para Artigos.com