Para que você tenha uma ideia
de como o brasileiro tem comprado carro nos últimos 50 anos, elaborei uma lista
dos modelos nacionais carros mais vendidos no Brasil desde 1959. Vai ser uma
viagem nos usos e costumes dos seus antepassados e, conforme sua idade, servirá
para relembrar o que você mesmo já comprou! Está curioso? Ok, vamos lá!
Campeões de Venda no Brasil em
todas as categorias – primeiros lugares – desde 1959:
Carros mais vendidos no Brasil
Para ajudar a entender os
cenários em que os modelos acima foram campeões e também quem eram seus
concorrentes, vamos a um resumo do mercado de automóveis e utilitários por década,
dos anos 50 até os dias de hoje.
1951 a 1960 – O BR estava na
era Juscelino Kubitscheck (1956 a 1961) que foi um incentivador da indústria
automobilística no Brasil. Nesta década, havia os VW Fusca e Kombi 1200,
Karmann Ghia, DKW-Vemag motor dois tempos, Simca, Willys Overlande importados
americanos e europeus de décadas anteriores, FNM-Alfa Romeo e os primeiros
Toyota Bandeirante feitos aqui. Ford e GM já montavam utilitários, como
furgões, camionetas e caminhões com peças vindas de fora.
1961 a 1970 – Surgem VW
Variant e VW 1600 4 portas (Zé do Caixão) , VW TL e Fusca 1500 (Fuscão), Ford
Corcel, Chevrolet Opala, Willys Dauphine e Gordini, Karmann Ghia TC e Puma. Em
1969 é inaugurada a Gurgel. Picapes Ford, Dodge e Chevrolet (incluindo a Veraneio)
também estavam disponíveis. Ford lança o grande e luxuoso Galaxy / LTD e Willys
oferecia Aero e Itamaraty. Na política, inicia-se a ditadura militar em 1964.
1971 a 1980 – Surgem Brasília,
Variant II e o inovador VW Passat 1500 a água com tração dianteira; alguns anos
depois ele ganha o 1600. Vêm também os esportivos VW SP1 e SP2. Chega a Fiat em
1976 com o 147. Em maio de 1980 é lançado o Gol 1300 a ar com tração dianteira.
Mais modelos da Gurgel. Chevrolet Chevette é a grande novidade da Chevrolet na
década. Caravan aparece no meio da década. Belina 1 e novas versões do
Corcelsão as novidades da Ford. Um carro
médio interessante e bem-acabado foi o Dogde Polara 1.8 (Dodginho), com opção
de câmbio automático. Década dos verdadeiros esportivos e dos luxuosos, como
Maverick, Opala e Caravan SS, Landau e os Dodge Charger, Dart Magnum e Grand
Sedan.
1981 a 1990 – Muitas novidades
desde o comecinho da década. E o álcool se consolida. Surgem Monza Hatch, Sedan
2 e 4 portas, Chevy 500 e Marajó, Kadett e Ipanema, picape D20. Volks aumenta a
família Gol com lançamento de Saveiro, Voyage e Parati e inova com o luxuoso
Santana e sua versão SW, a Quantum. Fusca sai de linha em 1986. Fiat traz Oggi,
Uno, Elba, Picape City, Prêmio / Duna e Fiorino. Muitos fora-de-série da Sulam,
Envemo, Puma, Bianco e várias outras, incluindo a onda das picapes
transformadas. Da Ford vêm Corcel e Belina II, Pampa Escort e Del Rey.
Curiosidade: existiu Pampa e Belina 4 x 4.
Política e economicamente,
volta a democracia com eleições ainda indiretas em 1985, que elegeram Tancredo
Neves. A inflação teve seu ápice em 1989, chegando a 3% ao dia. Depois, muitos
anos de recessão. Em 1989, Fernando Collor de Mello é eleito Presidente em
eleições diretas.
1991 a 2000 – Novo Santana, Novo
Monza, Nova Família Gol e outras estilizações. Inteiramente novos: Corsa, Omega
e Astra. Presidente Collor reabre as importações em 90 e nossas ruas ganham
Toyotas, Nissans, Audis, BMWs, Mercedes, Volvos, Mitsubishis e modelos
importados pelas 4 Grandes, como VW Golf e Ford Mondeo. Fiat surpreende com
Tempra e traz o Tipo da Itália
Ford e VW se unem formando a Autolatina.
Lançam os clones Verona-Apollo e Santana-Versailles. Vários Ford ganham motores
AP da VW e alguns VW ganham CHT da Ford.
Começa o divórcio e Logus substitui Apollo, VW Pointer é apresentado e o
novo Veronavira umas 4 portas mas continua com motor AP. Após rompimento total,
Ford lança Focus e Escort Zetec, inclusive SW. VW, por sua vez, nacionaliza Golf,
traz linha SEAT espanhola e aventura-se no Turbo com seus 1.0 e 1.8 Turbo.
Surge um novo segmento, o das
picapes médias, com Mistusbishi L200 e Toyota Hilux importadas. S10, Ranger e
outras japonesas vêm a seguir.
Fiat lança Marea Sedan e
Weekend. Duas gerações de Vectra vêm à luz.
Mercedes-Benz lança Classe A
nacional com muita segurança e tecnologia.
Honda Civic e Toyota Corolla
tornam-se nacionais.
Entre os pequenos, Corsa “2”
cresce e Celta vira o novo popular. Presidente Itamar pede volta do Fusca, que
retorna de 1993 a 1996. Palio, Palio Weekend e Strada trazem bom design e
vendem bem. Siena só emplaca na segunda geração. Ka inova em estilo e Fiesta
torna-se o veículo de combate da Ford. Courrier herda consumidores da Pampa.
2001 a 2010 – Década da
tecnologia Flex lançada em 2003. Fiat e GM decidem se unir para compartilhar
motores 1.8 de 8 e 16 válvulas e transmissões de 5 marchas em vários de seus
modelos. Iniciam a parceria nos novos Meriva, Stilo e Montana. Novas marcas se
fortalecem: Renault, Peugeot, Citroёn, Mitsubishi, Honda e Toyota. Estas
últimas renovam seus Sedans. Honda lança Fit e City. Hyundai se torna um
“player” importante. Kia também merece destaque. Terceira geração de Vectra
surge com plataforma de Astra. Sedans tornam-se os queridinhos do mercado e
Ford arrebenta com o EcoSport. Fiat lança Punto, Linea e Bravo e passa a
oferecer câmbio automatizado Dualogic para quase toda a linha. VW Santana e a
Quantum se aposentam. Polo e Polo Sedan são lançados como compactos “premium” e
agradam. Golf brasileiro se distancia duas gerações do alemão. Jetta / Jetta
Variant e Passat / Passat Variant representam a VW no segmento de luxo. Bem
como os SUVs Tiguan e Touareg. Porsche inova com SUV Cayenne, Boxter, Cayman e
sedan Panamera.
Novo Uno aparece para brigar
pela liderança de mercado com Gol G5. Chegam primeiros híbridos de luxo pelas
mãos de Mercedes e Ford.
Década fraca para as picapes
grandes, que deixaram F250 reinar praticamente sozinha após saída da Silverado.
Década boa para as médias, que ganharam novas opções para concorrer com S10 e
Ranger. E chegaram mais perto dos automóveis em desempenho, acabamento e
conforto, com câmbio automático e tudo. Troller e TAC fabricam jipes ao estilo
do Wrangler americano.
2011 – Bem, a década está só
começando e deve ser a década dos chineses e dos coreanos. GM promete revolução
completa da linha, Ford promete manter-se global e atualizada, VW empenha-se em
manter Gol na liderança. Parati deve aposentar-se e do destino de Golf e Polo
nem a própria VW parece estar segura. Sedans devem continuar fortes e com
muitos lançamentos nacionais e importados.
Peruas minguam e superluxuosos como
Bugatti, Koёnigsseg devem continuar chegando. É prometido o Bertin Vorax,
superesportivo brasileiro e renovação dos populares, incluindo substituição do
Uno Mille, VW menor que Gol, Tata Nano e chineses populares. Coreanos e a
japonesa Nissan apostam em compactos mais “premium”. Revoluções? Talvez, pois
Eike Batista e a italiana Fiat procuram incentivos governamentais e parcerias
para os elétricos.
Ao menos uma coisa é certa: o
rumo desta década está em nossas mãos. Cabe a nós exigir produtos eficientes,
modernos, seguros, ecológicos e com pós-venda de qualidade!
Autor: Gerson Brusco Gonzalez