Alcatraz: O mistério da maior fuga continua


Na manhã de 12 de junho de 1962, quatro detentos tentaram fugir da prisão federal de Alcatraz, em São Francisco, nos Estados Unidos: os irmãos John e Clarence Anglin, Frank Morris, considerado o mentor do plano, e Allen West, que desistiu da fuga no último minuto e nunca chegou a sair da cela. Ao longo da história de Alcatraz, 36 pessoas tentaram fugir.


Destas, 23 foram presas novamente, seis mortas por policiais e quatro se afogaram. Apenas os três seguem sem paradeiro conhecido. Mais de 50 anos depois, a maior fuga de Alcatraz continua sem ter sido desvendada.

Para o FBI, uma das provas mais consistentes de que pelo menos os irmãos Anglin não morreram é o fato de a mãe dos dois ter recebido um buquê de flores sem cartão, todos os anos no dia de seu aniversário, até sua morte, em 1973.

Também se especula que os dois foram ao seu funeral, vestidos de mulher, apesar do forte policiamento no local. A baía de São Francisco, que cerca Alcatraz, tem águas geladas e com fortes correntes marítimas.

Devido a sua situação geográfica, “A Rocha” era uma das prisões mais seguras do mundo e abrigou os mais perigosos criminosos americanos da época, indivíduos considerados “irrecuperáveis para a sociedade”, como o mafioso Al Capone. Os fugitivos só tinham 8 horas para escapar, entre as contagens de presos das 9h da noite e 5h da manhã.


Historiadores e parte das autoridades da época assumiram que os homens haviam morrido nas águas frias da baía, apesar de terem fabricado botes com capa de chuva para fugir. Nenhum corpo jamais foi encontrado.

A família dos irmãos Anglin acredita que os dois tenham fugido até o Brasil e passado o resto de suas vidas na América do Sul. Se estivessem vivos, John Anglin teria hoje 82 anos e seu irmão, Clarence, 81. Frank Morris teria 85.

— Temos que trabalhar com o pressuposto de que eles conseguiram escapar. Se os acusados não foram presos, não se entregaram ou não se provou que estão mortos, a investigação segue ativa até que se cumpram 99 anos, quando expiram as ordens de busca e captura — afirmou esta semana o chefe de polícia Michael Dyke à agência Associated Press.

A polícia tomou o controle da investigação depois que o FBI abandonou o caso, em 1978. Dyke diz que recebe pistas sobre os irmãos pelo menos a cada dois meses e já fez o rastreamento de pelo menos 250 delas.


Para Marie Widner e Taylor Mearl, o caso — que já virou filme, livro e até um seriado na TV americana — faz parte da história de sua família. As duas mulheres da Flórida são as irmãs mais novas de John e Clarence. — Sempre acreditei que eles conseguiram escapar e não mudei de opinião — disse Marie, 76 anos, enquanto visitava a antiga penitenciária, na segunda-feira.

Os filhos de Marie conseguiram que a mãe e a tia visitassem a prisão, desejo antigo das duas, que queriam “esclarecer algumas inverdades sobre os meninos”. — Só porque eles fugiram não quer dizer que fossem rapazes maus. Nenhum dos dois nunca causou nenhum problema à família. Um dia, eles simplesmente saíram de casa e roubaram um banco. Mas sinto orgulho deles — disse Taylor.

Vários filmes contaram a história da famosa prisão. “Fuga de Alcatraz”, de 1979 e protagonizado por Clint Eastwood, tem como foco a famosa tentativa de fuga. “A Rocha”, de 1996, trazia Nicholas Cage e Sean Connery como astros principais. Este ano, os EUA lançaram uma série de TV, que foi cancelada logo após sua primeira temporada.

Michigan's most haunted prison has an insanely dark past.:

Sete meses de preparação

Durante sete meses, os irmãos Anglin, Frank Morris e Allen West cavaram a parede das celas com colheres. Para esconder o buraco, fizeram grades falsas com papel. Os buracos nas celas davam acesso aos dutos de ventilação, que levavam ao teto.

A barra de proteção havia sido cortada com uma furadeira feita com um ventilador roubado da sala de música. No último minuto, West desistiu da fuga.

O trio chegou ao telhado da prisão sem sustos. Nenhum dos vigilantes armados com fuzis nas seis torres os viram, as luzes não os focalizaram e eles conseguiram descer normalmente pela tubulação de água externa.

Eles pularam uma cerca de arame farpado até o mar, com botes e coletes feitos com capas de chuva. Para despistar os guardas, deixaram cabeças feitas com páginas de revista e com perucas em suas camas. A falta dos três presos só foi sentida durante a contagem do dia seguinte.

A cadeia foi fechada em 1963. Seu alto custo de manutenção não a viabilizava: eram gastos cerca de 10 milhões de dólares mensais, mais que o dobro da média do sistema prisional. A solução foi investir em novas detenções.

Em 1973, ela foi aberta para visitação do público, com passeios monitorados. As réplicas das cabeças de manequim falsas nas antigas celas dos detentos são um dos pontos mais populares da ilha, que recebe um milhão de turistas por ano. O plano de fuga foi desvendado, mas o paradeiro dos três homens permanece um mistério.

— É uma dessa histórias onde todos os pontos podem se ligar de acordo com sua própria realidade, fazendo com que cada um acredite na parte que deseja — acredita Alexandra Picavet, porta-voz do parque.

Fonte: O Globo Online