A Manchete que fez história no Brasil



Rio de Janeiro, 1952, este é o ano em que a “Revista Manchete” é lançada oficialmente no mercado nacional. A publicação em si, do empresário Adolpho Bloch, marcava um verdadeiro divisor de águas na história recente da imprensa brasileira.
Para que o leitor tenha uma ideia, já em seus primeiros anos de vida, a Manchete já despontava como uma revista inovadora.


A título de exemplo, em seu quadro de funcionários, o escritor Rubem Braga era figura forte, apresentando a cada semana, sua visão sobre os mais diferentes assuntos, focando sua análise essencialmente nas mazelas sociais.

Evolução

Já no ano de 1956, um moderno maquinário é adquirido pelo empresário, viabilizando dessa forma, uma maior agilidade na diagramação final da revista.



Propagandas

Os anúncios feitos na publicação, pelo menos em sua fase inicial, eram extensos, ocupando na maioria das vezes, uma página inteira e com cores, ao contrário das reportagens, que eram publicadas no modo preto e branco.


Concorrência

Em sua década inicial, a revista já apostava naquela que seria uma de suas principais características, ou seja, a cobertura carnavalesca do Estado do Rio de Janeiro. Por sua vez, tal escolha surgia em um momento bastante especial, quando a concorrência entre a revista e “O Cruzeiro”, do também empresário Assis Chateaubriand, se tornara cada vez maior.



Anos 60

Com o passar dos anos, o número de leitores crescia de maneira gradativa. Em uma das edições de maior sucesso, Manchete trazia como matéria de capa, a chegada do primeiro ser humano à lua. A reportagem destacava os prós e os contras de tal expedição, e o que isso implicaria na geopolítica do período. Com o avanço da década, o semanário ganharia novos atrativos, com uma nova roupagem, aderindo aos padrões das publicações internacionais.

Diante disso, o tom preto e branco das matérias fora sendo substituído por algo mais sofisticado. Por sua vez, até dos avanços conquistados por Bloch, a Editora Abril, se vê obrigada a correr atrás do prejuízo, e lançaria não apenas uma, mais duas revistas pelo disputa de público, são elas: “Realidade”, de 1966, focada no jornalismo investigativo, além de “Veja”, de 1969, como o grande trunfo da empresa no período.



Contexto histórico

Já no final dos anos 60, a Manchete passaria a apostar em textos de maior complexidade, apresentando aos leitores, um apanhado detalhado sobre importantes personagens como Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise.

Todavia, a década seguinte começaria de um modo bastante controverso. Por um lado, havia todo um sentimento de felicidade pela conquista do tricampeonato de futebol no México pelo Brasil, já por outro, o regime ditatorial mostraria a sua verdadeira face, efetivando as perseguições contra os mais diferentes profissionais. Um exemplo disso, e que merece destaque, foi a prisão do jornalista Vladimir Herzog, até então diretor de jornalismo da TV Cultura.

Herzog fora preso, torturado e morto nas dependências do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações), Além de problemas relacionados à censura, o empresário Adolpho Bloch, ainda enfrentaria mais um concorrente no mercado brasileiro. Em 1977, a Editora Três lança “Isto é”, formando ao lado da “Veja”, a principal dupla de concorrentes da “Revista Manchete”.



Anos 80

A menina dos olhos do Grupo Bloch passaria a contar com uma importante aliada nos anos 80, com o surgimento da Rede Manchete de Televisão em 1983. A rede, através de chamadas em sua grade de programação, anunciava aos telespectadores,destaques do semanário, com belas imagens e trilha impactante.



Apesar da divulgação na TV e rádio, a revista sucumbiria na década seguinte, enfrentando uma grave crise que levaria a seu fechamento. Por fim, resta a saudade de uma das mais queridas publicações brasileiras, que sem dúvida alguma, deixou um legado de bom jornalismo prestado a todos os cidadãos brasileiros.