Inteligência mercadológica



Com todos os avanços dos tempos modernos, podemos dizer que no mundo do trabalho estamos resgatando padrões da era pré-industrial. Guardadas as devidas proporções, não há exagero nisso. Refiro-me à relação do homem com sua atividade profissional, que vai se deslocando do binômio patrão/empregado para dar espaço a uma postura auto empresariado.

Dos artesões da Idade Média aos trabalhadores do século 21 que hoje se ressentem do encolhimento dos empregos formais, muita história se passou.

A questão agora é entender como realizar o upgrade do software mental, substituído o antigo DOS do emprego pelo sistema operacional da prestação de serviços. Muitos executivos fizeram essa travessia, em um movimento que, na maioria das vezes, ocorreu mais por falta de opção do que por uma escolha voluntária. Diante de um mercado escasso em empregos, alguns se deram conta das oportunidades como prestadores de serviço e foram adiante, aprendendo na prática – e na marra – como transitar por esses novos caminhos.


No meu cotidiano de atendimento e orientação a executivos em processos de transição, com frequência encontro profissionais imobilizados diante da perda do emprego e da perspectiva de não conseguir uma recolocação nos moldes tradicionais, com carteira assinada. Presos a um pensamento nostálgico, não se dão conta da necessidade de se posicionar de forma diferente, valorizando não o emprego, que é fugaz, mas a empregabilidade, essa sim passível de vida longa.


Habilidades: Percebo também que falta a um bom número de pessoas um outro tipo de inteligência, a mercadológica. Trata-se da habilidade de perceber oportunidades e desenvolvê-las para, então, vender bens e serviços. Profissionais experientes até conseguem bons avanços nessa empreitada, porém há um ponto crucial que precisa ser vencido: a vergonha e o medo de efetuar o ato de venda, que tem como objeto a própria capacidade de solucionar problema do outro.


É engraçado como não nos damos conta de que, com nossas habilidades e competência, estamos mesmo a serviço das demais pessoas, em condições de resolver questões que, sozinhas, elas não teriam condições de solucionar. Pense em você mesmo como tomador de serviço. Não ficamos felizes quando encontramos alguém que pode nos atender adequadamente? E não é com satisfação que remuneramos o serviço bem feito?