Edição do dia 19/09/2013 10h34
Desaparecimento do menino
Carlinhos completa 40 anos
Caso que mobilizou o Brasil
inteiro nos anos 70 continua sem solução.
Pai chegou a ser acusado e
preso, mas foi solto e continua buscas.
O desaparecimento de Carlos
Ramirez, um menino de 10 anos, levado de dentro da própria casa, mobilizou o
Brasil nos anos 70. A investigação do
caso gerou muitas hipóteses e diversos suspeitos foram presos, inclusive o pai
da criança. No entanto, até hoje ninguém foi punido e não se sabe o que, de
fato, aconteceu com Carlinhos na noite do dia 2 de agosto de 1973.
O caso virou livro e filme.
Ocupou durante anos as manchetes de todos os jornais brasileiros. O sumiço ainda coleciona uma série de hipóteses e
motivações diferentes, um verdadeiro labirinto de pistas.
“Era um menino lindo, com uma
cara de anjo. As pessoas não acreditavam que ele pudesse ter desaparecido, que
pudesse ter sido sequestrado. Parecia enredo de novela, mas era
realidade", afirma a jornalista Glória Maria, que cobriu o caso.
“Talvez seja um dos maiores
mistérios da crônica policial brasileira”, diz o jornalista Maurício Menezes,
que cobriu o caso.
O sequestro
Carlinhos era um dos sete
filhos de uma dona de casa e de um industrial. No dia 2 de agosto, ele assistia
a uma novela com a mãe e mais quatro irmãos quando a chave da luz foi
desligada.
O sequestrador agarrou uma das irmãs de Carlinhos quando ela foi ver
o que tinha acontecido, entrou na casa e levou o menino. No momento que o pai
do menino chegou em casa, o sequestrador saiu com Carlinhos.
O homem deixou um bilhete em
que pedia 100 mil cruzeiros pelo resgate. “Na época, o Brasil estava em plena
ditadura militar e havia muitos sequestros de cunho político. Mas sequestro
pedindo resgate não tinha no Brasil”, conta Mauricio Menezes.
As primeiras investigações
indicaram que o sequestrador era amigo da família, porque agiu no escuro e
demonstrou conhecimento da casa. Ele ainda teve a preocupação de cobrir o
rosto, para não ser conhecido.
Caso sem solução
O caso tomou conta do país.
Muitas pessoas doaram o que puderam para ajudar a pagar o resgate, e agências
bancárias abriram contas especiais para que o dinheiro fosse conseguido
rapidamente.
Depois de ser acusado por um
detetive particular, o pai de Carlinhos foi preso e estuprado na prisão.
“Ninguém resiste a um negócio desse. Ele apanhou, foi humilhado, torturado,
ofendido”, lembra Maurício Menezes.
“A família não tem como ficar
unida no momento que a única coisa que você faz para se defender, para diminuir
um pouco a dor é achar o culpado”, afirma Glória Maria.
Em um depoimento, uma das
irmãs de Carlinhos disse que reconheceu os olhos e um cheiro nas mãos do
sequestrador, mas só falou sobre isso quatro anos depois do crime. A polícia
prendeu o homem, que foi condenado e depois absolvido.
O casamento dos pais de
Carlinhos entrou em crise. Eles se separaram depois de 19 anos de vida em comum
e sete filhos. A mãe de Carlinhos mudou de opinião sobre o sequestro e passou a
acusar a família do ex-marido de estar envolvida no crime. Apesar das
acusações, o pai do menino continuou procurando o filho.