MEU PÉ ESQUERDO - Resenha/
Resumo
UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO:
SURPREENDENTE E FASCINANTE
“Meu Pé Esquerdo” (My Left
Foot, 1989) conta a história real de Christy Brown, escritor e artista
plástico, representado pelo ator Daniel Day-Lewis (Oscar de melhor ator).
Christy nasceu com paralisia
cerebral, o que lhe tirou quase todos os movimentos do corpo, restando apenas
com mobilidade o seu pé esquerdo.
De família irlandesa, muito
pobre, ele sofreu com a privação do que é necessário para se levar uma vida
razoável. E nesta atmosfera Christy resiste e nos traz um exemplo
extraordinário de luta implacável contra os desconfortos da vida.
O filme tem início com uma
cena peculiar de Christy. Com o seu pé esquerdo ele põe um disco de vinil para
tocar, e a música sonoriza as primeiras cenas...
Christy é levado de carro,
junto com a mãe o os irmãos, para a apresentação de sua personalidade em um
evento sobre deficientes celebrais. Ao chegar, ele é conduzido por uma
enfermeira, Mary Car (Ruth McCabe) a uma sala na qual aguarda o instante de ser
apresentada ao público. Ele entrega o original de seu livro para a enfermeira
que o faz companhia, ela então abre o livro e por aí começa a narrativa da
história de Christy Brown.
Em sua autobiografia, Christy
descreve seus primeiros momentos de vida:
Quase todos os médicos que me viram
e me examinara
rotularam-me como um caso interessante,
mas sem esperanças.
Muitos disseram à minha mãe, com
delicadeza, que eu era
deficiente mental e que seria
assim. Foi um grande choque para
uma jovem mãe que já tivera cinco
crianças saudáveis. Os
médicos estavam tão certos do que
diziam que a fé de minha
mãe em mim parecia quase uma
impertinência. Asseguraram-lhe
que nada poderia ser feito por mim.
Ela recusou-se a aceitar a verdade
inevitável – como então
parecia – de que eu não tinha
esperanças. Ela não podia e não
acreditariam que eu era um imbecil,
como os médicos
afirmavam. Não havia nada nesse
mundo em que pudesse se
basear, nem uma mínima evidência
para apoiar a sua convicção
de que, embora o meu corpo fosse
aleijado, a minha mente não
era. Apesar de tudo que os médicos
lhe disseram, ela não podia
concordar. Não creio que soubesse
por quê – apenas sabia,
sem que a menor sombra de dúvida
lhe passasse pela mente. ”
(Brown in Buscaglia, 1993, pag.
91).
Voltando ao filme: é narrada a
reação odiosa de seu pai quando ao saber, na maternidade, a deficiência do
filho. Ódio que o acompanha boa parte de sua vida. A forma com que ele trata o
menino deficiente é diferenciada ao restante dos filhos. Pois ele o vê como um estorvo,
um imbecil o que, na mentalidade insana do senhor Brown (Ray McAnally), não o
faz um representante legítimo da família.
Em uma das primeiras cenas
dramáticas do filme, a mãe de Christy, ao entrar em trabalho de parto, termina
por sofrer um acidente em casa, caindo da escada quando descia para procurar
ajuda na vizinhança. Christy desse a escada rastejando até chegar a porta onde
sua mãe se encontra ao chão. Então, o menino diante àquele momento de
incapacidade da mãe, com o pé esquerdo, batendo contra a porta faz barulho até
chegar ajuda.
Em meio à dificuldade
financeira, sem recursos para comprar uma cadeira de rodas, o pai de Christy,
usando de um caixote, inventa uma espécie de carrinho para locomoção do menino.
A garotada animada se diverte empurrando o Christy pelas ruas do bairro...
Em uma dessas brincadeiras, em
que os garotos, curiosos, repassam as páginas de uma revista de nudez feminina,
sentindo a presença de algum adulto, a senhora Brown, eles escondem a revista
no carrinho, por baixo do corpo de Christy. Fato que termina por incriminar a
menino, tendo que suportar os sermões do padre e os assombros de purgatório e
inferno.
Num dos encontros dos irmãos
Brown’s em casa, estudando Matemática e Geometria, Christy surpreende a todos,
especialmente ao pai, quando ao apanhar um giz com o seu pé, ali mesmo no chão,
e escreve algumas letras até formar o nome Mother (mãe). O senhor Brown se
enche de orgulho do pequeno Christy, carrega seu filho nas costas ao bar e
apresenta aos seus colegas dizendo que aquele menino é um gênio, um verdadeiro
Brown.
Os irmãos de Christy, procuram
sempre o incluir em suas diversões. Em uma partida de futebol organizada ali
mesmo no bairro, entre seus irmãos e os colegas, o menino [agora rapaz]
surpreende, como sempre tem feito. Em uma cobrança de pênalti, os irmãos fazem
questão que o Christy faça a cobrança, o que ele termina por marca o gol que
define o time vitorioso daquela brincadeira amistosa.
Christy se apaixona pela
primeira vez, e por uma das moças do bairro, faz uma pintura em um pequeno
quadro e escreve alguns versos nas bordas dedicando a ela. A moça, em primeiro
momento, fica encantada, mas ao descobrir, por uma de suas amigas, que o
pretendente era o deficiente Christy Brown, ela mesma faz questão de o devolve,
deixando o rapaz desconsolado. Mas, tão logo, Christy supera aquele triste
momento.
Como a família Brown é
economicamente pobre. Com o desemprego do pai, eles passam uma vida
"apertada", tendo de sustentar muito mal. Certa vez, ao faltar carvão
para aquecerem no inverno, Christy, acorda na madrugada com muito frio.
Astucioso, diante daquela situação incomoda, planeja com seus irmãos roubar
parte da carga de carvão de um caminhão. O que dá certo. Sua mãe, quando chegam
com o carvão, ela não apoia aquela atitude dos filhos.
A certa hora da noite, quando
todos se aqueciam frente à lareira, exceto a senhora Brown, está relutante à
atitude dos filhos, Christy percebe uma pequena lata cair no fogo, apavorado
ele não consegue dizer, apenas balbucia algumas palavras incompreendidas por seus
irmãos e o pai. Ao chamado dos filhos, a mãe corre para a sala, e então ela
compreende Christy apenas com um olhar.
Apressa à lareira, mesmo
queimando as mãos ela consegue resgatar a latinha e preservar intactas as
economias guardadas para comprar a cadeira de rodas de Christy, o que se torna
uma realidade alguns dias depois.
A senhora Brown, quando ao
comprar a tão almejada cadeira de rodas ao seu filho, é abordada por uma
funcionária da clínica de tratamento a pacientes com paralisia cerebral. É
sugerida a ela procurar a Dr. Eileen Cole (Fiona Shaw) que, comovida com a
história do rapaz, oferece tratamento sem cobrar nada por isso. Meio que
resistente ao tratamento, Christy termina por ceder à experiência.
Sentindo-se constrangido por
se tratar de um espaço mais exclusivo para crianças, o rapaz interrompe o
tratamento por si só. A Dr. Eileen persiste e consegue o convencer a se tratar
em casa, acompanhado do carinho da sua mãe, a senhora Brown, o que, meio resistente,
termina por aceitar.
Passado algum tempo, depois de
muitos esforços da doutora, o paciente tem melhoras significativas, tanto que
aprendera, de maneira considerável, a recitar versos de um dos clássicos de
Shakespeare, “Hamlet”. Porém, a certo momento o rapaz começa a recusar
continuar o tratamento. Sua mãe, já havia percebido algo diferente na entoação
da voz do filho, tanto que ela chegou a comentar com o marido que Christy
estava apaixonando pela Dr. Eileen Cole, e que se preocupava com o andamento
daquela situação.
Eileen apresenta uma proposta
a Christy, sugerida por Peter (Adrian Dunbar), de expor suas pinturas para a
apreciação do público, o que Christy aceitou com entusiasmo. Porém, até este
momento ela não havia revelado ao rapaz que ela e Peter eram namorados, e que
em breve iriam se casar, o que veio a acontecer quando se encontravam à mesa
bebendo: Ela, Christye, Peter e mais alguns amigos do casal.
Christy, aproveitando a
ocasião, declara seu amor por Eileen publicamente. De inesperado, ele toma
conhecimento, da própria Eileen, que ela e Peter iriam se casar. Christy, que
já estava numa altura elevada da bebida, termina por se embriagar ainda mais,
bebendo seguidamente diversas porções. Ele escandaliza Eileen diante aos
amigos, o que enfurece Peter, o qual tenta empurrar para fora do
estabelecimento o rapaz cadeirante. Eileen impede o namorado com tom agressivo,
o qual sem mais dizer ou praticar qualquer ato, segue embora do
estabelecimento.
Depois do desfecho daquela
trama na qual se envolvera, Christy entrou em profundo estado depressivo, o que
o fez parar de pintar por longo tempo. Em uma das crises depressivas, Christy,
depois de escrever um pequeno bilhete, tenta cortar seu pulso com uma navalha
suspensa com o pé esquerdo, e não consegue executar o suicídio.
A mãe de Christy com palavras
duras diz a ele, naquele estado deplorável que se encontra, que não desistiria
do seu filho, que ele havia partido seu coração, e acreditava que ele, o
Christy, é o seu coração. Apanhando algumas ferramentas ela começa a alicerçar
um quartinho no quintal de casa dizendo a Christy que, tendo um quarto só para
ele, assim pudesse voltar a pintar.
Quando o senhor Brown chega
junto aos seus filhos, deparam com uma cena, a certo ponto engraçada: enquanto
Christy, com seu pé segurando uma pequena pá, mistura a massa, sua mãe fixa os
tijolos. Então, como a profissão do senhor Brown é pedreiro, junto com os
demais filhos constroem o quartinho para o Christy.
Retomado seu entusiasmo,
Christy com a ajuda do seu irmão mais novo, escreve o livro de sua história, o
qual lhe rendeu algum dinheiro contribuindo assim com a melhora da situação
financeira da família, o que foi tão necessário, pois àquelas circunstancias já
era ausente o pai, por ter falecido em um infarto fulminante.
As últimas cenas do filme
trazem de retorno Eileen e mais uma proposta feita a Christy, o convidando para
um evento no qual sua presença serei muito importante, que ele aceitasse pelos
deficientes celebrais, proposta a qual Christy aceitou, mesmo diante de não
gostar de aparecer um público.
Diferente da exposição de
pinturas, Christy não seguiu ao encontro de sua apresentação com o coração
apaixonado por sua médica, desejoso de revelar o seu amor por uma mulher que
ele tinha mais que admiração.
A enfermeira de Christy, por
àquelas horas de espera para enfim se apresentar ao público, o fez cativado em
sua companhia, e ao mesmo tempo se permitiu ser conquistada pelo autor daquele
livro que lia mergulhada na tão brilhante história de vida da daquele moço. Ela
diz para Christy que tem um encontro marcado para depois do expediente, ele, a
questiona por várias vezes se ela ama esse encontro. Ela não afirma, e então
Christy percebe em seus olhos que ela não ama aquele encontro, e assim como que
insistentemente pede a moça que fique com ele. Muito inteligente, Christy deixa
registrado o seu pedido quando ao autografar o livro para ela.
No final daquela apresentação
de Christy Brown ao público, ao receber um ramalhete de rosas e entregar a sua
mãe, cordialmente ele pede a senhora Brown que lhe dê uma das rosas, e olhando
para Mary, seguro a rosa com o pé esquerdo, estende em direção da moça e a
oferece.
Christy Brown e Mary Car se
casaram em 5 de outubro de 1972.
***
Acompanhe o resumo com as
imagens do filme:
http://arterevistadigital.blogspot.com.br/2013/12/cinema-meu-pe-esquerdo.html
Agnaldo Tavares o Poeta
Enviado por Agnaldo Tavares o
Poeta em 19/12/2013
Reeditado em 19/12/2013
Código do texto: T4618593
Classificação de conteúdo:
seguro
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