Com a invenção de Gutenberg,
panfletos esporádicos - que podiam, por exemplo, trazer relatos sobre uma
importante batalha - passaram a ser publicados em intervalos cada vez mais
regulares, tornando-se embriões das primeiras revistas dignas desse nome, ou
seja, um meio-termo entre os jornais com notícias relativamente recentes e os
livros.
Além da Erbauliche alemã,
outros títulos apareceram ainda no século 17, como a francesa Le Mercure (1672)
e a inglesa The Athenian Gazette (1690).
A primeira revista surgiu na
Alemanha, em 1663, e possuía um nome tão comprido, que certamente deu muito
trabalho para ser encaixado na capa: Erbauliche Monaths-Unterredungen, algo
como "Edificantes Discussões Mensais". Surgiu em 1663 e foi fundada
em Hamburgo pelo teólogo, poeta e autor de hinos religiosos Johann Rist.
Segundo a Enciclopédia
Britânica, o volume tinha a forma e o formato de livro, e só foi considerado
uma revista por causa dos artigos sobre teologia, por ter um público específico
e periodicidade regular.
Ela durou cinco anos, o que é
considerado uma eternidade para as primeiras revistas. Não é por acaso que a
história das revistas tenha começado na Alemanha. Foi lá que, 200 anos antes
dessa publicação pioneira, o artesão Johannes Gutenberg desenvolveu a impressão
com tipos móveis, técnica usada sem grandes alterações até o século 20 para
imprimir jornais, livros e revistas.
Nessa época, as revistas
abordavam assuntos específicos e pareciam mais coletâneas de textos com caráter
puramente didático. No início do século 19, começaram a ganhar espaço títulos
sobre interesses gerais, que tratavam de entretenimento às questões da vida
familiar. É nesse período também que surge a primeira revista feita no Brasil:
As Variedades ou Ensaios de Literatura, criada em 1812, em Salvador, e que, na
verdade, tinha muito mais cara de livro, abordando temas eruditos. Poucas
décadas depois, em 1839, nasceria a Revista do Instituto Histórico e
Geographico Brazileiro. Incentivando discussões culturais e científicas, ela é
a revista mais antiga ainda em circulação no nosso país.
No século 20, com o
aprimoramento das técnicas de impressão, o barateamento do papel e a ampliação
do uso da publicidade como forma de bancar os custos de produção, as revistas
explodiram no mundo todo, com títulos cada vez mais segmentados, destinados a
públicos com interesses super específicos. Não deixa de ser uma espécie de
volta às origens, não é mesmo?
História que vale ler
Publicações do século 19
atingiam circulação de 300 mil exemplares
1663 - ERBAULICHE
MONATHS-UNTERREDUNGEN
Criada por um teólogo e poeta
chamado Johann Rist, da cidade de Hamburgo, na Alemanha, essa foi a primeira
revista de que se tem notícia. As "Edificantes Discussões Mensais"
foram publicadas até 1668.
1693 - LADIE’S MERCURY
O jornalista inglês John
Dunton foi responsável por essa pioneira revista feminina, um segmento que
faria grande sucesso. Três anos antes de lançá-la, Dunton havia editado a
Athenian Gazette, destinada a responder "todas as questões curiosas"
- seria uma Mundo Estranho da época? A Athenian deu experiência a Dunton para
preparar uma publicação dedicada ao "belo sexo".
1842 - THE IlLUSTRATED LONDON
NEWS
O inglês Herbert Ingram
acreditava que revistas ilustradas seriam um sucesso comercial. Sua publicação
semanal The Illustrated London News provou que ele estava certo. Ela foi a
primeira revista a utilizar gravuras para acompanhar o texto dos artigos. A inovação
inspirou outras revistas ilustradas na época.
1888 - NATIONAL GEOGRAPHIC
Publicada até hoje, é uma das
revistas científicas mais importantes do mundo, financiando expedições e
explorações. Foi uma das primeiras a publicar fotos coloridas, além de ser
pioneira em vários tipos de imagens, como do fundo do mar, do espaço e de
animais selvagens.
1928 - O CRUZEIRO
Uma das revistas mais
importantes do Brasil. Foi fundada pelo jornalista Assis Chateaubriand. O
primeiro número da Cruzeiro - ainda sem o "O" - teve tiragem de 50
mil exemplares, trazendo contos e, principalmente, grandes reportagens,
ilustradas com desenhos e fotografias.
1731 - THE GENTLEMAN’S
MAGAZINE
Publicada na Inglaterra por
Edward Cave, é considerada a primeira revista moderna. A maior parte de suas
páginas era dedicada ao entretenimento, incluindo ensaios, textos de ficção e
poemas. Mas havia ainda comentários políticos e críticas. Foi a primeira vez
que a palavra magazine foi usada para esse tipo de publicação.
1892 - VOGUE
Inicialmente, essa revista
americana, fundada por um editor aristocrata chamado Arthur Turnure, era
dedicada aos luxos e prazeres da vida, além das reportagens sobre moda, é
claro. O público alvo da Vogue era a rica elite da cidade de Nova York do final
do século 19. Sua reputação como bíblia da moda se mantém até hoje.
1936 - LIFE MAGAZINE
Fundada pelo editor americano
Henry Luce, ela foi a revista mais importante e influente da história do
fotojornalismo. Para se ter uma idéia, sua primeira edição tinha 96 fotografias
de página inteira. A publicação deixou de circular semanalmente em 1972.
1855 - LESLIE’S WEEKLY
Foi uma das primeiras revistas
americanas a utilizar ilustrações. Na segunda metade do século 19, tinha uma
circulação média de 100 mil exemplares. Entretanto, esse número triplicava de
acordo com o assunto tratado na edição. Durante a Guerra Civil Americana
(1861-1865), a publicação inovou, mandando 12 correspondentes para cobrir o
conflito.
1925 - THE NEW YORKER
Fundada pelo editor americano
Harold Ross, ficou famosa pelo humor e pela qualidade dos textos literários.
Ela começou tratando da vida cultural e social de Nova York, mas logo abriu
espaço para críticas, textos de ficção e reportagens. Entre seus colaboradores
estão grandes escritores do século 20, como Dorothy Parker e J.D. Salinger
Fonte: mundo estranho