Consequências do Alcoolismo no Âmbito do Trabalho


Consequências do Alcoolismo no Âmbito do Trabalho: Sabe-se que, no Brasil, o alcoolismo é o terceiro motivo para absenteísmo no trabalho, a causa mais frequente de aposentadorias precoces e acidentes no trabalho e a oitava causa para concessão de auxílio doença pela Previdência Social (Vaissman, 2004). No âmbito do trabalho, as organizações vêm despertando seus interesses para o desenvolvimento de estratégias e implantação de programas preventivos ao uso indevido do álcool e outras drogas.

O que motiva estas ações são as consequências negativas trazidas à saúde do trabalhador e à sua produção, absenteísmo que guarda uma relação direta com o consumo de álcool e a qualidade de vida do trabalhador. Pode-se então considerar o alcoolismo como um problema nas organizações, e suas consequências podem ser percebidas observando-se os seguintes aspectos no comportamento dos trabalhadores (Vaissman, 2004): 

Absenteísmo: Acidentes de trabalho; Acidentes de trajeto; Queixas diversas em relação à saúde; Aumento de falhas na execução das tarefas; Redução da produtividade; Conflitos com colegas, superiores e clientes.

Condições de Trabalho que Favorecem o Desenvolvimento do Alcoolismo: 

Em um estudo de caso, Nassif (2002) levantou algumas hipóteses sobre como a organização e as condições de trabalho podem contribuir para a incidência e a prevalência dos quadros de dependência química entre trabalhadores. Suas hipóteses são: ü características específicas da personalidade do alcoolista: dependência psíquica, capacidade insuficiente para o contato interpessoal e intolerância grande frente às frustrações; frustração na escolha profissional; ü pressão social para beber existente entre os trabalhadores: a bebida então facilita os contatos interpessoais ou atua como forma de reconhecimento e introdução no círculo social; especificidades do trabalho: atividades que oferecem riscos, inadequada divisão de tarefas, mau relacionamento com supervisores hierárquicos; jornada de trabalho: períodos de ociosidade, trabalho em horário noturno; atividades geradoras de emoções: como raiva, medo, frustração, tristeza, ansiedade, vergonha, que podem funcionar como sinalizadores para a ingestão de bebidas; significado social da profissão: que trazem sentimento de vergonha e desqualificação. Resumindo, os fatores de risco ligados ao trabalho podem ser inerentes à especificidade da ocupação.


Às condições em que o trabalho é efetuado, ao tipo de agentes de stress e como eles atuam física e psicologicamente no trabalhador. E, por outro lado, existem as características e a vulnerabilidade da personalidade diante do ambiente de trabalho que favorecerão ou não o uso abusivo. Programas de Prevenção e Recuperação do Alcoolismo nas Organizações: Edwards (1995) afirma que nos últimos anos tem havido um interesse nos benefícios múltiplos que podem resultar tanto para o empregador quanto para o empregado, da implantação de programas de alcoolismo nos locais de trabalho. A importância de programas de alcoolismo em empresas deve ser tratada como saúde global do indivíduo, e ainda se observando que prevenir e tratar problemas de saúde diminui custos e melhora a produtividade. É importante reconhecer as dificuldades que acompanham o atendimento a dependentes químicos, especialmente em empresas. O atendimento a usuários de drogas suscita múltiplos problemas, de ordem biológica e médica, psicológica, social, jurídica e ética.


Nos locais de trabalho acrescentam-se a isso as estigmatizações e preconceitos devido às conotações negativas relacionadas à dependência do álcool, diminuindo a procura pelos serviços oferecidos, bem como dificultando a continuidade do tratamento. Verifica-se que muitos programas não atingem os extratos mais elevados na hierarquia, apenas o trabalhador menos qualificado, sujeito a sanções disciplinares. Além disso, a tendência cultural alcoólica deve ser também considerada ao se elaborar um programa. Não pode ser abordado do ponto de vista de um ideal moralizante. Os programas são de grande importância para as organizações preocupadas com a saúde de seus trabalhadores e com o bom desempenho de suas atividades.