Quem já passou dos 30 anos
deve se lembrar do comercial “Gostoso como um beijo” do Guaraná Taí., lançado
em 1982, pela agência de publicidade DPZ.
Na época, o refrigerante
travava uma disputa acirrada com o Guaraná Antarctica. O Guaraná Taí. foi lançado
em 1950 pela The Coca Cola Company para substituir a Fanta com sabor Guaraná.
Hoje em dia, o Guaraná Kuat,
que tem um gosto bastante parecido com o Taí., substitui a marca na maioria dos
estados brasileiros, inclusive recebendo os principais investimentos em
comunicação.
Mesmo assim, a Coca Cola
continua com a distribuição do Guaraná Taí. em algumas regiões do Brasil como
Santa Catarina, Minas Gerais e interior de São Paulo.
Em 1981/82 crianças e
adolescentes foram os grandes protagonistas da propaganda brasileira. Naqueles
idos a Lage, Stabel & Guerreiro exibia o personagem da menina tricotando
das lãs Pinguim.
A DPZ, por sua vez,
lançava o garoto encima da tabuleta no outdoor da Chancy, um dos
divisores de águas na história do veículo; lançava ainda o casal de
adolescentes no Love Story do Guaraná Tai, o menininho dos sorvetes Yopa, as
criancinhas que exibiam suas partes íntimas no comercial da Johnson &
Johnson e mais o bebê ensaboado de shampoo pela mãe carinhosa; a Rino lançava o
menino que se ajoelhava no supermercado para agradecer ao papai do céu o
requeijão Mococa comprado pela mãe.
A MPM exibia crianças no comercial para a
LBA e a Denver da Bahia apresentava Giulia Gam, 14 anos, em filme da Telebahia
premiado em Cannes e no Clio. Já ia me esquecendo do bebê engatinhando na casa
em comercial do DNER criado por Eric Nice para a Salles/Interamericana.
O fato é que nesse ano em que
crianças e adolescentes protagonizaram grandes campanhas, uma particularmente
mexeu com o emocional dos brasileiros: o filme criado por Washington Olivetto e
Francesc Petit, 60″, para o Guaraná Tai, produção da Espiral com direção de
Júlio César Xavier da Silveira, fotografia de Jorge Solari e trilha sonora de
Emilio Carrera.
Era mais um comercial do produto com o tema “gostoso como um
beijo”, porém desta vez apresentado num contexto de paquera envolvendo reações
de timidez e alegria contida e manifesta, logo após o primeiro beijo.
Esses
mesmos ingredientes, realçados pela excepcional interpretação de Giulia Gam,
também estavam presentes no Love Story da Telebahia, mas por ser um comercial
regional não teve o mesmo impacto do filme da DPZ, este último vitaminado por
uma maciça campanha no horário nobre da TV.
Autor: Nelson Varón Cadena