Eles dizem que têm o poder de
curar pelas mãos.Existem em toda parte com multidões de seguidores. Mas há quem
garanta que sua medicina é uma fraude.
No final dos anos 50, José de
Freitas, o Zé Arigó, ficou famoso no Brasil inteiro pelas curas ditas
fantásticas que realizava na pequena cidade mineira de Congonha do Campo,
através de operações mediúnicas. O funcionário aposentado se dizia orientado
pelo espírito do médico alemão Adolph Fritz – que desde 1980 estaria orientando
o médico pernambucano Edson Cavalcante de Queiroz nas cirurgias mediúnicas que
efetua ao lado de sua prática normal como ginecologista. Da mesma forma que
Arigó, Queiroz vale-se das mãos e de facas, tesouras, navalhas e até bisturis
para conseguir o que muitos acreditam tratar-se de curas milagrosas.
Não se pense, porém, que o
curandeirismo é uma exclusividade brasileira. A georgiana Djuna Davitashvili é
reconhecida em toda a União Soviética pelas curas que obtém. A paranormal
Djuna, uma morena de 38 anos e rosto expressivo, ficou famosa por ter ajudado a
tratar o líder Leonid Brejnev durante sua prolongada enfermidade. Doutor
honoris causa, pela austera Academia de Ciências da União Soviética Djuna só
trabalha com a chamada imposição das mãos, como numa bênção, muitas vezes sem
tocar no paciente.
Ela já curou arteriosclerose, diabetes, úlceras, nevralgias,
dores de cabeça, a se crer no noticiário produzido com testemunhos de pessoas
que se submeteram a seu tratamento.
O curandeirismo é tão antigo
como a doença. O homem sempre acreditou que existe uma força invisível, capaz
de curar graças a um simples gesto ou toque de mãos.
O grego Hipócrates, o pai da
Medicina, considerava a cura pelas mãos prática natural. Os primeiros cristãos
achavam que era manifestação do Espírito Santo. Durante séculos tal prática
sobreviveu sob o nome de quirotesia e 43 quirotesistas chegaram a ser
consagrados santos.
Mas na Idade Média os
curandeiros caíram em desgraça e seus poderes passaram a ser atribuídos ao
diabo. A partir do ano de 1136, os monges foram impedidos de exercer atividades
médicas. Quem tentou driblar a proibição foi parar na fogueira, pela prática do
curandeirismo.
Nem isso, nem as formas mais
civilizadas de repressão dos tempos modernos destruíram, porém, a crença numa
energia universal, através da qual seria possível curar com um simples sopro.
Esse, aliás é o princípio do magnetismo animal, teoria que no século XVIII
tornou conhecido o médico alemão Franz Anton Mesmer. Para ele, bastava a
imposição das mãos sobre um doente para que este recebesse fluidos magnéticos,
que aumentariam suas forças e o ajudariam na recuperação. Muitos dos que hoje
curam por imposição das mãos se auto intitulam magnetizadores, especialmente na
França, onde há um século ficou famoso um certo mestre Philippe. Por seus
poderes, foi nomeado conselheiro de Estado e general-de-exército pelo czar
Nicolau II da Rússia. Mais tarde, o charlatão Rasputin neutralizou sua
influência e tomou-lhe o lugar.
Já os curandeiros espíritas,
como o pernambucano Queiroz, se consideram guiados pelo espírito de médicos já
mortos. São os que provocam as maiores polêmicas. Na Inglaterra, por exemplo,
Harry Edwards, um dos fundadores da Federação Nacional dos Curadores
Espirituais, falecido em 1980 afirmava ser dirigido pelos espíritos dos
célebres Louis Pasteur, o inventor da vacina, e Joseph Lister, o pioneiro da
medicina preventiva. No entanto os céticos afirmam que Edwards não conseguiu
provar nem uma única das 100 mil curas a ele atribuídas. Muito discutidos são
também os cirurgiões mediúnicos brasileiros que, às vezes, parecem realizar
incisões sem nada além das mãos e sem anestesia ou antissépticos.
Embora a legislação brasileira
proíba essa atividade, o doutor Queiroz pode ser visto frequentemente em ação
pela televisão. Trata-se do primeiro médico diplomado a operar em transe. Por
isso, a Associação Médica Brasileira tentou proibi-lo de fazer cirurgias
mediúnicas. Ele venceu o processo com o argumento de que, quando opera como
doutor Fritz não cobra nada dos pacientes – ou seja, não caracteriza exercício da
medicina. A parapsicóloga paulista Márcia Regina Cobero está convencida de que
Queiroz “faz truque, encenação”. Ela se baseia no fato de que não existe uma
única dessas operações mediúnicas com diagnóstico médico comprovado antes e
depois de sua realização. Mergulhado em discussões, o curandeirismo levanta uma
infinidade de dúvidas e tentativas de compreensão.
Um pesquisador
norte-americano, o médico William Nolen, acha que o mérito maior dos
curandeiros é o modo pelo qual eles se relacionam com os pacientes. Explica a
brasileira Márcia Regina: “Os médicos tendem a se preocupar mais com as doenças
do que com os doentes. Já os curandeiros agem ao contrário. Eles confortam e
dão atenção às pessoas”.
Fontes:
Imagens: Google
Pesquisa/Edição/Montagem: JF Hyppólito👈
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